terça-feira, 9 de agosto de 2011

TRIBUTO A DANIEL

Menino criado nas ruas, solto, brincando com o que a vida lhe deu, se sofreu bulling nem soube, tocou a vida.

Apesar de ser portador de necessidades especiais, nunca se prevaleceu disso, ao contrario, derrama sua alegria pelas ruas de Guarapari-ES, aonde todos que frequentam aquele balneáreo o conhecem.

No inverno vigia carros, no verão vende água de côco, ao que parece, indiferente a sua situação, e com que prestesa atende seus fregueses, de fazer inveja a muitas pessoas que gozam de plena saúde.

Sorriso farto, não se preocupa em esconder os poucos dentes da boca, não sente vergonha de sí, menos ainda se apieda de sua condição, segue a vida.

Ninguem avisou que ele, em razão de paralisia cerebral, deveria estar tutela, interno em algum deposito de pessoas imprestáveis, pleiteando as benece do Estado ou vivendo às custas da caridade pública.

Ninguem avisou que ele não precisava trabalhar, que poderia, como tantos, esmolar pelas ruas, verberar contra a divindade pela má sorte que na atual paragem da vida lhe deu.

Ninguem avisou que, em face da sua enfermidade, deveria cair na infelicidade e reclamar da vida, do Estado, da indiferença do povo, da infelicidade que o acometeu, não, Daniel, na sua ignorância simplesmente toca a vida. Toca a vida com alegria, produzindo algo de útil para sí e para os outros. Daniel na sua ignorância insiste em fazer parte da sociedade, em consumir, em viver, em não se entregar, em esfregar nas faces de todos  nós a sua independência.

Daniel vai tocando a vida sem se importar com nada que não seja a própria vida, parece perceber que não tem tempo a perder com as pequenas coisa que nos incomodam, sem as vaidades que nos aprisionam, sem as queixas que nos tornam infelizes, sem esperar que ningem faça alguma coisa por ele, vai tocando a vida.

  
DANIEL É VERDADEIRAMENTE LIVRE.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

A REDE SOCIAL

A poucos dias, recebi de um amigo pela rede facebook, uma felicitação ao amigo desconhecido, fazendo jocosa brincadeira sobre amigos que não incomodam com pedidos inconvenientes.
Dada a liberdade e o especial carinho que tenho pelo amigo, por um momento esqueci que estava na rede social e fiz um comentário atribuindo a ele, meu amigo, uma caracteristica folclorica, no mesmo tom de brincadeira que recebi a provocação.
Como a caracteristica folclorica se referia a uma situação qeu não exclusivamente dele, imediatamente uma terceira pessoa entrou na rede e instituiu um acalourado debate, atribuindo-me uma postura preconceituosa, que absolutamente não tenho.
Fiz ver ao terceiro, que se mostrava ofendido, que a afirmativa fora motivada por uma brincadeira e que a resposta se constituia da mesma natureza, uma brincadeira entre amigos, tanto assim que o amigo com quem fiz a bricadeira não se ofendeu.
Não adiantou, o terceiro ofendido, renitente no seu ponto de vista, se manteve inflexivél, manejando argumentos absolutamente válidos, mas despropositados em face da situação, ou seja da reconhecida brincadeira entre dois amigos.
Como não consegui convencer o terceiro ofendido da natureza jocosa da situação, pedi desculpas e aproveitei a oportunidade para promover outra brincadeira com o meu amigo, que etou certo, por me conhecer, não se ofendeu nem com a primeira nem com a segunda.
Aprendi uma coisa, cuidado com a rede social, ela é uma janela escancarada para o mundo, e pode transformar uma brincadeira em  algo perigoso, como o julgamento daqueles que não nos conhecem, e nos julgam de forma perigosa. O erro é nosso em não nos preservarmos.

quarta-feira, 23 de março de 2011

ACORDA BRASIL.

A lei não é burra e não pode ser interpretada de forma burra. Retirar uma criança de um lar aonde está recebendo afeto para levá-la para um abrigo sob o argumento de que os Pais que criam a criança não fazem parte da fila de adoção é a mais ignóbil burrice, e afronta a lógica da lei que é proteger o interesse da criança e não tender a uma lista formal de adoção. Quanto mais vivo mais me surpreendo com as pessoas e a capacidade de errar. O Estado deve se ocupar dos milhares de crianças abandonadas, mesmo quando têm pais legitimos, e não impedir ou dificultar que pessoas que dão afeto a amor a uma criança sem lar tenham que se submeter a "burrocracia" incompetente do Estado. ACORDA BRASIL.

quinta-feira, 3 de março de 2011

PUNINDO O ELEITOR

A base da democracia está na possibilidade de escolha, pelo povo, de seus governantes, escolha feita periodicamente, de forma livre e segundo convicção pessoal, ideológica ou não, com valor igual para todos (um homem, um voto). É, provavelmente, o único momento em que todos são efetivamente iguais.

No Brasil, o sistema proporcional tem como um dos postulados privilegiar os partidos políticos e a ideologia por eles defendido, de tal modo que a composição do legislativo, o poder mais representativo dos três, é feita a partir do cálculo do quociente eleitoral, que leva em consideração os votos dados aos candidatos do mesmo partido ou coligação, para o fim de distribuir entre os partidos as cadeiras do parlamento. Por seu turno, a Constituição exige que para concorrer a cargo eletivo esteja o candidato filiado a um determinado partido, e o TSE já definiu, que a mudança de partido, sem justa causa, implica em perda do mandato, decisão que privilegia a vinculação do eleito à ideologia do partido, tese que aliás, defendemos sem sucesso há alguns anos, e que só agora foi reconhecida pelo judiciário.

Ou seja, todo o sistema garantidor da Democracia no Brasil está sustentado na ideologia partidária, e o voto é o grande instrumento do eleitor para participar do processo de decisão e gestão do Estado, incumbindo ao legislativo e ao judiciário  dever de garantir a participação livre do eleitor, a manifestação de sua vontade até mesmo quando vota em branco ou nulo, formas de manifestação legitimas de sua soberana vontade.

Ocorre que, algumas decisões judiciais têm andado na contra mão das garantias eleitorais e, portanto, na contra mão da própria Democracia, e são vários os exemplos, inclusive os mais recentes de considerar que o suplente a ocupar um cargo vago seja o suplente do partido e não da coligação, e o de que os votos atribuídos a um candidato que, no ato da eleição era considerado elegível, ou no mínimo ápto a receber o voto de seus eleitores, e que, por decisão judicial posterior veio a ser caçado, para usar o termo popular, tendo os votos a ele atribuídos cancelados ou considerados nulos, não valendo nem mesmo para o cálculo do quociente eleitoral.

As decisões me levam a ponderar, no primeiro caso: a coligação, por força da própria legislação, não é considerada como um só partido?; Os votos atribuídos a qualquer dos candidatos da coligação independentemente do Partido ao qual pertença acaso não foi contado para efeitos do cálculo do quociente eleitoral?; Não se apresentou a coligação ao eleitor como um único partido, ou um bloco de partidos defendendo a mesma ideologia, a fim de convencer o eleitor a sufragar o candidato que defende aquela ideia?; O eleitor não está obrigatoriamente vinculando seu voto àquela coligação, ainda que intencionalmente pretendesse votar só no candidato?

Oras, se o eleitor está obrigado a vincular seu voto a uma ideia, a um candidato que defenda aquele ideal, vinculado a um ideal supostamente defendido pela coligação, e se seu voto conta para a realização do cálculo, que irá compor a formula de preenchimento das vagas, por certo que aquele ato, aquela manifestação de vontades não pode se exaurir com a eleição, sendo um equivoco sustentar que a coligação só tem a duração de um efêmero período eleitoral quando os eleitos exercem seus mandatos por uma legislatura que dura quatro anos. É dizer, o voto do considerado como dado para a coligação é suportado pelo eleitor durante quatro anos, entretanto, em havendo a vaga, aquele voto, aquela intenção cuja lei vinculava a coligação, e o suplente da  coligação perde aquela condição para que um suplente do partido  ocupe a vaga, em verdadeira nova eleição desta feita indireta,  graças à mudança das regras pelo Judiciário, e claramente afrontosas a própria democracia.

No segundo caso, do mesmo modo, o candidato é admitido a concorrer a um pleito eleitoral, e mais das vezes é eleito, diplomado, toma posse e entra em exercício, para depois ter sua candidatura impugnada, ou julgado processo que pendida de decisão, vindo a perder o cargo, tendo seus votos anulados, desconsiderados para efeito de cálculo do quociente eleitoral, modificando todo o quadro pretendido pelo eleitor, que não tinha conhecimento da temeridade que cometia ao sufragar alguém que poderia ter a eleição impugnada e que teria seu voto desconsiderado, sendo certo que, se conhecimento tivesse, provavelmente não votasse naquele candidato.

Os dois exemplos, que foram sacados dentre muitos outros que poderiam ser utilizados, demonstram claramente que o sistema eleitoral vem sendo desvirtuado, com evidente prejuízo para a democracia e quem está sendo verdadeiramente punido é o eleitor.

Esperemos que a reforma política que se anuncia não continue a punir o eleitor e a espancar a Democracia, restituindo ao eleitor a importância que ele possui.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

CURIOSA SOLIDARIEDADE

Com os recentes, e lastimáveis, eventos que vitimaram centenas de pessoas por todo o Brasil, em decorrência das chuvas, o que se viu foi a criação de uma corrente de solidariedade, na tentativa de minorar as perdas materiais daqueles que sobreviveram a catástrofe.

Todas as organizações civís, religiosas, os meios de comunicação, e individualmente cada um que ficou sensibilizado com a situação daqueles desafortunados, apelaram ou atenderam ao apelo e imediatamente uma montanha de alimentos, roupas, brinquedos, medicamentos e demais itens, foram chegando e sendo distribuídos, em atitude realmente louvável.

Ocorre que, mesmo sendo a atitude, louvável, não podemos deixar de pensar quão curiosa é a atitude humana em relação ao seu semelhante.

Refiro-me a absoluta indiferença com que olhamos diariamente para as várias, e não menos aviltantes, desgraças decorrentes da miséria humana, que nos cercam, que convivem conosco no nosso local de trabalho, no nosso meio social, no seio da nossa família, na nossa própria casa.

Refiro-me àquelas pessoas vitimadas pelo descaso, pela desesperança, pelo desamor, pela indiferença, pela solidão, e a quem negamos muitas das vezes uma palavra, um gesto, um olhar atento que poderia fazer toda a diferença na história de vida daquele ser humano.

Refiro-me à atitude mesquinha que adotamos quando reclamamos do poder público que faça alguma coisa pelos desfavorecidos quando nós mesmos não estamos disposto a fazer um mínimo.

Refiro-me a miopia que nos impele a achar que é suficiente asfaltar os morros e iluminar as favelas, ou alimentar as pessoas, acreditando que tais providências são suficientes para que se tenham dignidade.

Refiro-me a surdez que nos acomete quando achamos que dedicar um pouco do nosso tempo para ouvir o outro é perder tempo, porque acreditamos que sabemos tudo o que o outro tem para dizer, acreditamos que sabemos, sempre, exatamente do que ele precisa.

Refiro-me a total falta de sensibilidade para entender que as razões do outro não são  iguais às nossas, para entender que cada um é um ser humano único, em estágio evolutivo diferente, mas um ser humano sempre.

Refiro-me a completa cegueira que temos, ou que intencionalmente criamos, e que determina a necessidade de que uma grande tragédia ocorra para que possamos enxergar o outro, para que possamos exercer a solidariedade, quando negamos à centenas de pessoas a mesma solidariedade, apenas pela incapacidade de enchergarmos as suas tragédias.

Curiosa a solidariedade que exercemos, e que achamos suficiente, quando somos forçados a enxergar aquilo que a todo momento está bem diante de nossos olhos, mas que só encaramos quando nos é mostrado sob a lente de aumento da tragédia coletiva, esquecendo que as tragédias coletivas são a somatória das tragédias individuais.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

O CERTO E O ERRADO

Em razão de toda publicidade em torno do site WikiLeaks, em especial em face da prisão de seu criador, sob o argumento de que estaria sendo preso acusado de crime sexual, quando todo o mundo sabe a verdadeira razão da prisão, estive pensando sobre o conceito de certo e errado.

Pensei:
Será certo premiar a delação? É dizer, um delinquente transgride a regra social e a norma jurídica e ganha um prêmio por delatar seus comparsas, ganha um prêmio por ser duplamente sem caráter.

Se estimular tal comportamento é uma atitude correta, se deve ser premiada a delação daquele que participou com os delatados da pratica e crime, e tendo sido pego, se beneficia traindo aqueles que foram seus companheiros em um primero momento, fazendo-o não por ter reconhecido seu erro, mas exclusivamente para se beneficiar, não pode ser certo punir quem denuncia as mazelas da diplomacia americana, especialmente quando interferem em políticas soberanas de outros países.

Em verdade deveria o delator ganhar o prêmio pela delação, ainda mais quando no caso não participou do ilícito, não possui razões egoísticas para delatar, aceita correr riscos e assumir a responsabilidade pela veiculação das matérias que são verdadeiras.

A sociedade moderna parece que está perdendo a noção do que seja certo ou errado, trilhando um caminho egoísta, hipócrita e imediatista, o respeito pelo outro, vem sendo substituído pelo medo como motivo para o agir certo,  tudo está sendo criminalizado, todos estamos sendo vigiados a todo momento, os pais entregaram para as escolas a  responsabilidade pela educação dos filhos, e agora recorrem à policia com o mesmo fim.

Será que estamos perdento totalmente a noção do que seja certo e errado?

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

O DESAFIO DE CASAGRANDE

O Espírito Santo passou, seguramente, pela maior faxina da história, foram 8 anos do mesmo discurso de que a casa estava sendo arrumada, e se me permitem o tracadilho, imagine agora que a casa é grande....

Paulo Hartung, reconhecidamente um competente gestor e um politico hábil que mediante expedientes, nem sempre éticos, consegue tudo que quer, passou oito anos de governo fazendo o discurso de que estava arumando a casa, de que quem estivesse contra ele estava contra a limpeza ética que supostamente estava conduzindo,  e a favor do crime organizado. Passou oito anos fazendo autopropaganda, nunca se gastou tanto em publicidade no Estado, reuniu, com métodos inconfessáveis, os três poderes, subjugou o legislativo e o judiciário, controlou o Tribunal de Contas, e deu sua obra por encerrada afirmando que "agora a casa está arrumada".

O novo Governador recebe assim, uma casa arrumada, nada mais, uma casa arrumada a exemplo das casas cenograficas das emissoras de televisão, aonde tudo funciona diante das câmeras e luzes, uma casa arrumada para a platéia, e nada mais.

Se é forçoso reconhecer a capacidade gerencial de Paulo Hartung, não é menos forçoso reconhecer que a estrutura política do estado, a democracia interna, a independência dos poderes está profundamente comprometida, e não pode existir nada pior que a quebra da normalidade democratica, não pode existir nada pior quando o poder que tem o dever de fiscalizar está submetido ao poder a ser fiscalizado, não pode haver nada pior do que o poder que tem o dever de garantir o direito dos cidadãos está comprometido intestinalmente com o poder que pode violar tais direitos, não pode haver nada mais danoso que a violação dos direitos de todos, do direito de ter direitos.

Casagrande, recebe assim uma casa arrumada, uma casa cenografica, e não vai poder manter o discurso do antecessor, e provavelmente não vai se utilizar do mesmo expediente para subjugar os demais poderes, e vai ter que vencer o desafio de reconduzir o estado a normalidade política, sem ficar refém dos demais poderes e do discurso do antecesso. 

Que o Espírito Santo nos ajude.